Durante um certo tempo, houve, no andar de cima, alguém a arrastar mobília; cá em baixo, na Biblioteca, contudo, nem se dava por isso.
Algures, um telefone tocou: mal se deu por isso.
Estava também presente pelo menos uma turma de alunos que, às vezes, se mostram irrequietos: ali, pareciam em transe.
Vi olhos abertos, rostos em beatitude, expressões de enlevo. Não pensem que exagero ou que falo de uma ida à missa.
Estávamos, repito, na Biblioteca. Eram doze horas e quarenta e cinco minutos.
Perante o número ideal de assistentes - três turmas: 10º F, 11º F, 12º B -, recuperava-se o belíssimo espectáculo de poesia e música a que já algumas pessoas tinham assistido, no fim do período passado, num dos dias em que oficialmente a escola comemorou os seus 30 anos.
Não houve outro critério, na escolha dos poemas, que não fosse o do gosto dos que os disseram. Nem cronológicos, nem temáticos: foram apenas jovens, a Inês Lourenço, o Guilherme Santos, o João d'Eça, a Maria Carlos Cortegaça, a Sara Meess, a Verónica e a Beatriz Braz, que nos vieram mostrar a poesia que os toca: Cesariny, Neruda, Ary, Sophia - num poema dedicado ao Professor Lucas, que tanto dela gostava -, Ramos Rosa, Pessoa, Pessanha e Eugénio. As suas palavras ecoaram na Biblioteca, suspensas dos acordes das violas. (João Paulo e João Secca).
A seguir, duas alunas, a Minerva e a Isabela, tocaram clarinete e flauta, em melodias de balanço brasileiro, onde pressentíamos, por exemplo, a poesia de Vinícius («Quando a luz dos olhos meus/ Encontra a luz dos olhos teus...»); a fechar, a Andreia cantou naquela sua voz de que, ainda ela não acabara, e já nós começávamos a sentir saudades.
Foi um dos momentos mais maravilhosos que a Biblioteca guardará - e olhai lá, que a Biblioteca tem tido muitos momentos maravilhosos.
Mais loguinho
Há 5 horas
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