sábado, 12 de dezembro de 2009

quinta-feira, 10 de dezembro de 2009

CLARICE LISPECTOR SOBRE A LÍNGUA PORTUGUESA

(Clarice Lispector 10 de Dezembro 1920 - 9 de Dezembro de 1977)

«Esta é uma confissão de amor: amo a língua portuguesa. Ela não é fácil. Não é maleável. E, como não foi profundamente trabalhada pelo pensamento, a sua tendência é a de não ter subtilezas e de reagir às vezes com um verdadeiro pontapé contra os que temerariamente ousam transformá-la numa linguagem de sentimento e de alerteza. E de amor. A língua portuguesa é um verdadeiro desafio para quem escreve. Sobretudo para quem escreve tirando das coisas e das pessoas a primeira capa de superficialismo.
Às vezes ela reage diante de um pensamento mais complicado. Às vezes se assusta com o imprevisível de uma frase. Eu gosto de manejá-la – como gostava de estar montada num cavalo e guiá-lo pelas rédeas, às vezes lentamente, às vezes a galope.
Eu queria que a língua portuguesa chegasse ao máximo nas minhas mãos. E este desejo todos os que escrevem têm. Um Camões e outros iguais não bastaram para nos dar para sempre uma herança da língua já feita. Todos nós que escrevemos estamos fazendo do túmulo do pensamento alguma coisa que lhe dê vida.
Essas dificuldades, nós as temos. Mas não falei do encantamento de lidar com uma língua que não foi aprofundada. O que recebi de herança não me chega.
Se eu fosse muda, e também não pudesse escrever, e me perguntassem a que língua eu queria pertencer, eu diria: inglês, que é preciso e belo. Mas como não nasci muda e pude escrever, tornou-se absolutamente claro para mim que eu queria mesmo era escrever em português. Eu até queria não ter aprendido outras línguas: só para que a minha abordagem do português fosse virgem e límpida».

Clarice Lispector, A Descoberta do Mundo

quinta-feira, 3 de dezembro de 2009

RECEITA

E entre um pouco de tudo o que é importante e este blogue vai acolhendo, numa deliciosa desordem, aproveito para vos trazer aqui uma citação, também ela deliciosa.

Eis o diagnóstico de Pablo Neruda, leitor de Cortazar, que recomenda - peremptoriamente - a sua leitura:

«Quem não ler Cortazar está condenado. Não o ler é uma doença grave e invisível que, com o tempo, pode ter terríveis consequências. Algo de semelhante ao homem que nunca provou pêssegos e que vai ficando mais triste, visivelmente mais pálido e, provavelmente, aos poucos, perdendo todo o seu cabelo.»

PABLO NERUDA

ALER+ COM NADINE MESQUITA E O 7ºE













Decididamente, se há coisa que a turma 7º E tem mostrado é um enorme entusiasmo em todas as actividades em que se envolve. Desde a primeira visita à Biblioteca, na aula de projecto, passando pelas histórias tão bem contadas e tão bem ouvidas, até à sessão de 2ª feira, com uma convidada especial.
Antiga aluna da nossa escola, a ilustradora Nadine Mesquita falou sobre a arte da ilustração, sobre o diálogo perfeito que imagens e textos têm que estabelecer, sobre as emoções que as cores transmitem, e sobre muitas outras coisas. Todas acompanhadas com imagens, suas e de outros artistas, por exemplo as pranchas originais que criou para o livro O Dono de Tudo e a mascote “Choco Esperto”, também da sua autoria.
Uma assistência muito interessada e interessante, como se provou pelas intervenções, que nem queria acabar a conversa tão cedo .

De novo, parabéns ao 7ºE e aos professores Paula Varela, Cristina Nunes e José Garcia!
(E ainda só vamos em Novembro...)

quarta-feira, 2 de dezembro de 2009

Histórias com Vários Sabores

“Eu achei esta aula muito divertida, porque foi engraçado ouvir histórias de diferentes países com diferentes culturas. E também as histórias que eram do nosso país foram divertidas de ouvir e ver”.
Ana Sofia

“Foi interessante, porque ouvi contos tradicionais que não conhecia, mas havia outros que conhecia. E aprendemos outras formas de contar uma história”.
Francisco Pontes

“Eu adorei as histórias, eles representaram muito bem os papéis e foi espectacular e engraçado. A representação do João e do Daniel foram um espectáculo e eu adorei. Muito, muito”.
Rafael

“Achei que foi interessante, pois estivemos a interagir com alunos de outras turmas e estivemos a contar histórias tradicionais de diferentes países. Os teatros foram engraçados e as histórias das alunas também.”
Andreia Monteiro

“Achei esta aula/sessão muito engraçada e acho que devia repetir-se. Também gostei muito de ser contadora de histórias e agora sei que um contador, enquanto conta a história, fica muito nervoso, principalmente se for para quem não se conhece. Acho que deviam repetir esta aula, mas com histórias diferentes”.
Rita Marques

“Gostei muito das apresentações e dos desenvolvimentos das apresentações dos meus colegas. Foi uma actividade bastante pedagógica e divertida: todos nós aprendemos novas histórias e morais. Gostei muito desta experiência.”
Carla Gonçalves

“Eu gostei muito, porque pareciam artistas, com talento. Havia peças que eu nunca tinha ouvido e eram interessantes.”
Mariana Duarte


“ Eu achei que foi uma actividade engraçada, os contos foram bem representados. Acho que se devia repetir, pois deu-nos a conhecer novos contos, não só do nosso país, mas também de outros”
Rodrigo Vilela

“… foi uma hora em que todos ficámos com um bocadinho mais de cultura.”
Joana Leite

“Eu gostei muito, principalmente dos contos da China, e também dos dois contos populares portugueses. Gostava que as aulas de Formação Cívica fossem todas assim.”
Verónica Amaral

“Gostei imenso, acho que até à data de hoje foi a melhor aula que já tive… As apresentações foram excelentes. Acho que a melhor foi a da “Tia Verde Água”, mas, como eu gostei de todas, não vou avaliar só uma, vou avaliar todas – excelente aula, excelente ideia”.
Tiago Ferreira

terça-feira, 1 de dezembro de 2009

75 ANOS DA PUBLICAÇÃO DA MENSAGEM

No dia 1 de Dezembro de de 1934, precisamente há 75 anos, foi publicada a 1.ª edição de Mensagem de Fernando Pessoa. Esta obra, que viria a ser uma das mais importantes da história literária portuguesa, havia concorrido ao Prémio Antero de Quental, no qual foi ultrapassada por um livro medíocre, chamado Romaria, e escrito por um tal de Padre Vasques que, obviamente, não ficou para a História.

Não quero ceder à tentação, aqui, do elogio repetido e fácil. Mas posso ceder ao impulso de transcrever um poema da Mensagem.

Por que terei escolhido este? E quem resistirá a lê-lo, hoje?


Nevoeiro

Nem rei nem lei, nem paz nem guerra,
Define com perfil e ser
Este fulgor baço da terra
Que é Portugal a entristecer -
Brilho sem luz e sem arder,
Como o que o fogo-fátuo encerra.

Ninguém sabe que coisa quer.
Ninguém conhece que alma tem,
Nem o que é mal, nem o que é bem.
(Que ânsia distante perto chora?)
Tudo é incerto e derradeiro.
Tudo é disperso, nada é inteiro.
Ó Portugal, hoje és nevoeiro...

É a Hora!

Fernando Pessoa, Mensagem