sexta-feira, 30 de novembro de 2012

Nos 77 anos da morte de Fernando Pessoa


A morte é a curva da estrada
A morte é a curva da estrada,
Morrer é só não ser visto.
Se escuto, eu te oiço a passada
Existir como eu existo.
A terra é feita de céu.
A mentira não tem ninho.
Nunca ninguém se perdeu.
Tudo é verdade e caminho.

Fernando Pessoa (23.5.1932)

domingo, 18 de novembro de 2012

DIA MUNDIAL DA POESIA

A ESCOLHA DE... A PÁGINAS TANTASNo aniversário do nascimento do poeta Manuel António Pina

(18 de novembro de 1943 - 19 de outubro de 2012)

Pensar de pernas para o ar
é uma grande maneira de pensar
com toda a gente a pensar como toda a gente
ninguém pensava nada diferente

Que bom é pensar em outras coisas
e olhar para as coisas noutra posição
as coisas sérias que cómicas que são
com o céu para baixo e para cima o chão.

Manuel António Pina

domingo, 4 de novembro de 2012

DIA MUNDIAL DA POESIA

A escolha de… Miguel Melo (12ºB)

ARTE DE AMAR


Metidos nesta pele que nos refuta, 

Dois somos, o mesmo que inimigos.
Grande coisa, afinal, é o suor
(Assim já o diziam os antigos):
Sem ele, a vida não seria luta,
Nem o amor amor.
 José Saramago

sexta-feira, 2 de novembro de 2012

DIA MUNDIAL DA POESIA

A escolha de…João Marques (12ºB)

EM BUSCA DO AMOR

O meu Destino disse-me a chorar:
" Pela estrada da Vida vai andando,
E, aos que vires passar, interrogando
Acerca do Amor, que hás-de encontrar. "

Fui pela estrada a rir e a cantar,
As contas do meu sonho desfiando...
E noite e dia, à chuva e ao luar,
Fui sempre caminhando e perguntando ...

Mesmo a um velho eu perguntei : "Velhinho,
Viste o Amor acaso em teu caminho ? "
E o velho estremeceu...olhou ...e riu...

Agora pela escada, já cansados,
Voltam todos pra trás desanimados ...
E eu paro a murmurar: " Ninguém o viu"! ..."

Florbela Espanca, in Livro de Mágoas

quinta-feira, 1 de novembro de 2012

DIA MUNDIAL DA POESIA

A escolha de…Maria Inês Faria (12ºB)

METAMORFOSE
Súbito pássaro
dentro dos muros
caído,

pálido barco
na onda serena
chegado.

Noite sem braços!
Cálido sangue
corrido.

E imensamente
o navegante
mudado.

Seus olhos densos
apenas sabem
ter sido.

Seu lábio leva
um outro nome
mandado.

Súbito pássaro
por altas nuvens
bebido.

Pálido barco
nas flores quietas
quebrado.

Nunca, jamais
e para sempre
perdido

o eco do corpo
no próprio vento
pregado.

Cecília Meireles