quarta-feira, 16 de novembro de 2011

ANIVERSÁRIO

Carta para Josefa minha avó

Tens noventa anos. És velha, dolorida. Dizes-me que foste a mais bela rapariga do teu tempo e eu acredito. Não sabes ler. Tens as mãos grossas e deformadas, os pés encortiçados. Carregaste à cabeça toneladas de restolho e lenha, albufeiras de água. Viste nascer o Sol todos os dias. De todo o pão que amassaste se faria um banquete universal! Criaste pessoas e gado, meteste os bácoros na tua própria cama quando o frio ameaçava gelá-los. Contaste-me histórias de aparições e lobisomens, velhas questões de família, um crime de morte. Trave da tua casa, lume da tua lareira – sete vezes engravidaste, sete vezes deste à luz.
Não sabes nada do Mundo. Não entendes de política, nem de economia, nem de literatura, nem de filosofia, nem de religião. Herdaste umas centenas de palavras práticas, um vocabulário elementar. Com isto viveste e vais vivendo. És sensível às catástrofes e também aos casos de rua, aos casamentos de princesas e ao roubo dos coelhos da vizinha. Tens grandes ódios por motivos de que já perdeste lembrança, grandes dedicações que assentam em coisa nenhuma. Vives. Para ti, a palavra Vietnam é apenas um som bárbaro que não condiz com o teu círculo de légua e meia de raio. Da fome sabes alguma coisa: já viste uma bandeira negra içada na torre da igreja. (Contaste-me tu, ou terei sonhado que o contavas? ...) Transportas contigo o teu pequeno casulo de interesses. E, no entanto, tens os olhos claros e és alegre. O teu riso é como um foguete de cores. Como tu, não vi rir ninguém.
Estou diante de ti, e não entendo. Sou da tua carne e do teu sangue, mas não entendo. Vieste a este Mundo e não curaste de saber o que é o Mundo. Chegas ao fim da vida, e o Mundo ainda é, para ti, o que era quando nasceste: uma interrogação, um mistério inaces¬sível, uma coisa que não fazia parte da tua herança: quinhentas palavras, um quintal, a que em cinco minutos se dá a volta, uma casa de telha vã e chão de terra batida. Aperto a tua mão calosa, passo a minha mão pela tua face enrugada e pelos teus cabelos brancos, partidos pelo peso dos carregos – e continuo a não entender. Foste bela, dizes, e bem vejo que és inteligente. Por que foi então que te roubaram o mundo? Quem to roubou? Mas disto entendo eu, e dir-te-ia o como, o porquê e o quando se soubesses compreender. Já não vale a pena. O mundo continuará sem ti – e sem mim. Não teremos dito um ao outro o que mais importava.
Não teremos realmente? Eu não te terei dado, porque as minhas palavras não são as tuas, o mundo que te era devido. Fico com esta culpa, de que me não acusas – e isso ainda é pior. Mas porquê, avó, porque te sentas tu na soleira da tua porta, aberta para a noite estrelada e imensa, para o céu de que nada sabes e por onde nunca viajarás, para o silêncio dos campos e das árvores assombradas, e dizes, com a tranquila serenidade dos teus noventa anos e o fogo da tua adolescência nunca perdida: «O mundo é tão bonito, e eu tenho tanta pena de morrer!»
É isto que eu não entendo – mas a culpa não é tua.

José Saramago, in Deste Mundo e do Outro, ed. Caminho
(1ª publicação, jornal “A Capital”, 1968)



José Saramago nasceu no dia 16 de Novembro de 1922.
A “Carta” é uma das muitas e muitas páginas extraordinárias que nos deixou.

domingo, 22 de maio de 2011

ALICE VIEIRA


Muito aguardada, esta visita, mais exactamente desde o ano lectivo passado. Queríamos muito rever Alice Vieira, e comemorar com ela o trigésimo aniversário da sua vida literária e o trigésimo aniversário da nossa Escola.
Foi finalmente possível e a autora de Rosa, minha irmã Rosa foi recebida por alunos das seis turmas do oitavo ano, os muitos que aceitaram a sugestão das professoras de Português, de ler romances da autora e sobre eles escreverem as suas impressões de leitura.
Após as muito sinceras felicitações e agradecimentos à escritora, pelos admiráveis textos que nos tem oferecido, a palavra foi dada a três leitoras. Curiosamente, enquanto a Inês falou sobre o primeiro romance, a Mafalda escolheu a poesia, que muito recentemente veio desvendar uma grande poeta, faceta ainda por muitos desconhecida, da autora que tem dedicado a sua escrita sobretudo ao público juvenil.
Começou então Alice, e o seu poder de comunicação, a voz cheia e calorosa, a extraordinária vivacidade e sentido de humor, cativaram o público até ao final. Na última visita a escolas que realiza este ano (coincidentemente, também é a nossa última convidada), recordou com inesperada nitidez e um agrado que muito nos envaideceu o Projecto que pela primeira vez ocasionou o nosso encontro, já há cerca de vinte anos: o Concurso "Entrer dans la Légende", que proporcionou aos alunos de uma turma do 11º ano, e respectivas professoras de Português e de Francês, Vera Batista e Fátima Magriço (presente na sessão e companheira de mesa), escolher um mito nacional, o de D. Sebastião, escrever sobre ele com Alice Vieira, traduzi-lo, dramatizá-lo, representá-lo em Paris e vê-lo publicado em edição bilingue. Bem bom!
Falou em seguida da sua escrita, do importantíssimo lugar que o jornalismo ocupa na sua vida profissional e no que contribui, em rigor, em observação da realidade, na atenção ao outro, para a actividade literária. Contou episódios da sua vida de escitora, falou de amigos, leu textos deles - Ruy Belo, Tolentino Mendonça, Mário Henrique Leiria... - homenageou-os. Respondeu a todas as perguntas, autografou todos os livros e folhinhas de papel estendidos por muitas mãos.
Que melhor forma de agradecer do que recomendar os seus livros?
O que dói às aves e Dois corpos tombando na água são os livros de poesia que os mais velhos NÃO PODEM PERDER!

segunda-feira, 16 de maio de 2011

ANTÓNIO VASCONCELOS RAPOSO - A GUERRA É A GUERRA

Até ao Fim - a Última Operação, de António Vasconcelos Raposo, é um livro de guerra, classificação para a qual a capa nos reenvia, sem equívocos. O contexto é, de facto, a guerra colonial, Angola, 1974, e os protagonistas, um destacamento de Fuzileiros Especiais a quem é confiada a difícil missão de recuperar um grupo de militares (digamos assim, para não revelar tudo...) feitos prisioneiros pelos guerrilheiros independentistas. A acção desenvolve-se, pois, em torno desta operação, que se constitui como foco de toda a narrativa. Ora, é precisamente a escolha deste episódio exemplar e não a opção tentadora da acumulação de memórias diversas e dispersas que dá unidade a este romance autobiográfico e lhe confere um sentido que ultrapassa a circunstância histórica que reúne aqueles homens naquele lugar.
É verdade que sabemos, desde as primeiras linhas, estar perante uma história vivida e mais tarde recontada pela voz da memória - uma memória tatuada, para sempre, como nos adverte a introdução. É verdade que a natureza da matéria narrada, o tempo e o lugar encaixam perfeitamente numa memória colectiva circunstancial recente, atestada pelas fotografias intercaladas no texto. Mas é também verdade que o que move aquele grupo de homens é um conjunto de sentimentos e valores intemporais e intrínsecos à condição humana: a coragem (e o medo), a lealdade, a amizade, o sentido de pertença, a dignidade, o respeito pelo outro.
Não me é fácil entender completamente o espírito bélico que, apesar da reconhecida injustiça daquela guerra, ecoa em muitas das páginas. Mas é muito fácil compreender que quem viveu uma experiência limite como esta a tenha vivido assim. E a recorde assim. Nesta guerra de império em estertor, afinal havia muitos homens extraordinários que mereciam estar noutro tempo e noutro lugar. As "malhas que o império tece" (teceu) fê-los estar ali, e foi ali que revelaram a sua vulnerabilidade, mas também a sua grandeza.

Este é um livro de guerra, dizia nas primeiras linhas. Agora estou quase a dizer que é também um livro sobre o treino. Na verdade, reconheço, no narrador desta memória intensa, a voz do treinador de outros livros assinados pelo mesmo autor. O espírito é o mesmo, os valores são os mesmos. E embora este seja um romance, reconheço nele também a voz grave, de leve sotaque açoriano de um professor desta Escola, que todos aprendemos a admirar. A voz de um amigo. O António Vasconcelos que em Angola treinou a coragem, a amizade, o respeito pela vida.

Este é, finalmente, um livro de libertação. Do peso do passado, da persistência da memória, da voz silenciada na mata, longe de casa. Um livro com a marca da urgência muito tempo contida. Porque a guerra é a guerra.

sábado, 14 de maio de 2011

JOAQUIM VIEIRA NA ESCOLA. AINDA

Já foi há uns dias, mas não posso deixar de assinalar este ponto alto da vida da Biblioteca da nossa Escola. Joaquim Vieira aceitou vir falar connosco e, como disse muito bem a Paula na apresentação que dele fez, pretextos não faltariam, tão vasto tem sido o campo de trabalho e investigação deste grande jornalista, escritor e historiador. Acabámos por escolher a semana da comemoração do 25 de Abril e, por isso, numa sessão a que deu o título de "Portugal: da ditadura à democracia", ele escolheu precisamente caracterizar, em linhas gerais, objectivas e certeiras, o Estado Novo e a eclosão do 25 de Abril, com recurso a um suporte de imagens projectadas muito bem escolhidas.

Foi uma extraordinária aula de História, mas não foi uma aula qualquer. Na verdade, todos os participantes ficaram presos pelo poder de comunicação deste profissional da comunicação. Os olhos não se desviavam. Os ouvidos não se dispersavam. Como professora, lembrei-me que não seria mal pensado aprendermos um pouco com os jornalistas (os jornalistas a sério, claro! Como Joaquim Vieira!)

Lembrei-me, entretanto, de uma curiosidade engraçada, acontecida há uns anos, quando na Escola comemorávamos um outro aniversário do 25 de Abril. A procurar uns papéis para a exposição da Biblioteca, encontrei, dentro de um velho caderno da Faculdade, uma folha policopiada, em stencil, como se usava nos anos 70. Era um comunicado das Associações de Estudantes da Universidade de Lisboa a denunciar a prisão, pela PIDE, de um colega do Técnico - Joaquim Vieira. Com foto e tudo. Entreguei a folha amarelecida à irmã, a nossa colega Ana Vieira.

Agora, já que este é o blogue da Biblioteca, falemos de livros. Aconselho 2 títuloaos de Joaquim Vieira. Poderiam ser outros quaisquer, mas apetece mesmo sugerir estes: a biografia do fotógrafo Joshua Benoliel (com as suas fantásticas fotos que nos fazem revisitar momentos únicos da história de Lisboa e do país) e o romance (se quisermos) A Governanta (é mesmo a D. Maria do Salazar). Não percam.

segunda-feira, 9 de maio de 2011

O PRINCIPEZINHO


Se é indiscutível que de costume se prefere o silêncio e o estar sozinho para companheiros da leitura, não deixa de ser verdade que está a voltar , e a alastrar cada vez mais, o gosto pela leitura partilhada, feita em voz alta.
Numa experiência até agora inédita na Escola, e só possível graças à pronta disponibilidade dos professores das turmas 7ºB, D e F, assim fizemos com O Principezinho , que lemos quase de um fôlego: apresentada a proposta de que, em dias sucessivos, cada disciplina dedicasse uma aula às páginas intemporais do livro de Saint-Éxupery, ela foi acolhida com o agrado que é já promessa de sucesso.
Diferentes vozes, timbres, intensidades e entoações, com intervalos abertos para o comentário, a discussão, o significado das palavras.
Alguns alunos já tinham lido O Principezinho, no 2º ciclo, outros só conheciam o "diálogo da raposa", outros tinham visto representado, a maioria só conhecia a imagem do menino de cabelos loiros e cachecol esvoaçantes. A conclusão foi comum: esta foi uma leitura diferente, com muito mais janelas abertas.
Afinal, como todos os grandes livros, O Principezinho reserva muitos segredos e, quanto mais e mais experientes os olhos, maior será a probabilidade de os descobrir.

quarta-feira, 4 de maio de 2011

joaquim vieira

a propósito da celebração do vinte e cinco de abril, o dia da liberdade e da revolta para todos os portugueses que se considerem como tal, a escola recebeu a visita do jornalista joaquim vieira, mais conhecido pela sua produção de documentários para a televisão, escrita de autobiografias e fotobiografias, e obras documentais em geral. joaquim vieira apresentou-nos um powerpoint que retratava a vida durante o estado novo e as mudanças que a revolução trouxe. descreveu-nos a história geral do regime fascista e assassino, mas focou-se também no período de setenta e quatro, setenta e seis, após a revolução dos cravos, em que as forças de esquerda quase conseguiram formar um regime justo, igualitário e fraterno. em vez disso, sobrou-nos a democracia que temos hoje. e, no fundo, foi esse o objectivo de joaquim vieira, o de nos mostrar como, só compreendendo o passado, podemos compreender o presente, e, assim, mudar o futuro. numa altura em que mudar é mais importante do que qualquer outra coisa, as suas lições, entre aspas, da nossa história nacional tornaram-se muito pertinentes. talvez o seu discurso pudesse ter focado assuntos menos conhecidos do nosso passado, em vez de sublinhar outra vez o que vem nos manuais de história, mas o tempo escasseava e o certo é que joaquim vieira conseguiu prender a atenção de todos. assim sendo, julgo que ninguém saiu a perder.

domingo, 1 de maio de 2011

NA CASA DE ANNE FRANK

Em sessões na Biblioteca que se distribuíram por várias semanas, as turmas do oitavo ano dedicaram uma aula de Português, acompanhadas pelas professoras Ana Borba e Paula Varela, à visita virtual à casa de Anne Frank, complementada com leituras de páginas do Diário.
Transcrevemos alguns dos comentários escritos a propósito.


É triste saber que uma rapariga tão corajosa, que consegue superar os seus medos das maneiras mais divertidas, como Anne Frank, morreu apenas duas semanas antes de os judeus serem libertados. Achei a visita virtual muito interessante, pois mostrou como Anne Frank vivia e também conseguimos através das pequenas histórias descobrir um pouco mais da sua personalidade.
Ana Sofia Pendão 8ºE

Achei a visita virtual à casa museu de Anne Frank muito interessante, pois ficámos a ter um pouco mais cultura geral.
Achei muito interessante o anexo, nunca pensei que tivesse tanto espaço, quando me falaram pensei que fosse coisa mais pequena. Gostei e espero repetir coisas deste género.

Miriam Leal 8º C

Do que eu gostei mais foi quando a Anne Frank recebeu o livro, que mais tarde se tornou o seu bem mais precioso. Ela não deu importância a um simples livro, primeiro achava que ninguém se ia importar. No entanto, foram feitas milhares de cópias em centenas de línguas.
Daniel Santos 8º E

Do que eu gostei mais foi de ter lido os excertos do Diário, pois eu sempre gostei do livro de Anne Frank, porque é uma história verídica de uma altura da guerra, o que o torna muito interessante.
Joana Leite 8ºE

Eu achei a visita interessante e despertou-me alguma curiosidade. É pena não estar em português, mas acho que vale a pena visitar virtualmente a casa museu de Anne Frank. As minhas partes favoritas foram a descrição da Anne Frank do anexo secreto, dos sapatos vermelhos e achei muito engraçado quando disseram que ela subia e descia as escadas a correr para fazer barulho pois tinha medo do som das bombas e dos ataques.
Bárbara Ribeiro, 8ºE

Eu gostei muito de ver a casa museu de Anne Frank, mesmo que tenha sido virtualmente. Claro que gostava mais de ir à Holanda, mas acho que este site é muito interessante, para as pessoas que não podem lá ir conhecerem o tão famoso anexo secreto onde Anne Frank e a sua família viveram durante alguns anos, escondidos de tudo e de todos.
Beatriz Lory, 8ºE

Eu gostei muito da casa em 3D, das imagens reais e imagens que representavam algumas partes da casa de Anne Frank , a empresa do pai e o anexo. Também gostei da reconstituição da época da 2º Guerra Mundial, a partir de imagens e documentários.
David Coelho, 8º C

Do que gostei mais foi de ver o anexo. Gostei do facto de não se saber daquela parte da casa, e de eles lá viverem secretamente. A casa parecia um labirinto, cheia de cantos e recantos.
Inês Telo, 8º C

Consegui compreender um pouco mais sobre as privações e o medo que os judeus sentiam.
Daniel Alves Costa, 8º E

Eu não tinha lido o livro e com esta actividade consegui perceber tudo por que Anne passou, a intensidade com que o viveu, todos os momentos horríveis, sobretudo a força que teve para enfrentar, com a sua tenra idade. Tudo o que aprendi com esta actividade deu-me uma enorme vontade de ler o seu Diário.
Inês Rodrigues, 8ºA

A história da vida de Anne foi muito emocionante, com um final triste. Gostei particularmente de ver o seu “cantinho”, onde ela gostava de estar, através da janela do sótão ela observava o seu amigo castanheiro, o amigo que lhe fazia companhia.
Carolina Merca, 8ºA

É incrível como cabem tantos quartos numa zona tão à vista e em que ninguém repara. Também gostei da parte em que, praticamente, revivemos os ataques às ruas de Amesterdão, e que por pouco não atingiram o anexo onde estavam nove pessoas. É como se estivéssemos a viver aqueles momentos.
Francisca Azevedo, 8 ºA

Imaginar viver ali é horrível, porque tinham que estar escondidos e calados o tempo todo e assim não se vive. No entanto, Anne Frank e os outros viveram assim, no anexo, e ver o espaço onde estiveram bastante tempo, de certo modo, liga-nos a essas pessoas.
Eduarda Santos , 8ºA

Mostrou-nos a verdadeira e dura realidade. Deve ter sido principalmente difícil para as crianças que tinham de ficar caladas e sossegadas durante o dia e o que me espantou mais foi que uma rapariga como Anne Frank conseguiu ter a calma e a maturidade para lidar com esta situação, escrevendo no seu diário.
Mafalda Granado 8º A

Achei a visita à casa-museu de Anne Frank bastante interessante. Até porque gosto imenso de ler, e o Diário de Anne Frank foi um dos livros que li nas férias do Natal. Como passou pouco tempo de o ter lido, foi engraçado comparar o aspecto físico que eu imaginei com o que elas tinham realmente.
Rita Marques 8º E

Aprendi muito sobre Anne Frank nesta visita, gostei do anexo que era acolhedor. Otto Frank foi quem mais adorei, pois tinha um carácter calmo e gostava de um escritor, Charles Dickens, de que eu também gosto. Tenho pena que tenham sido descobertos quase no final da guerra .
André Rua 8ºA

Já tinha lido o livro e visitar a casa museu de Anne Frank entusiasmou-me bastante.
Adorei ver o quarto dela, um sítio pequeno, que partilhava com a sua irmã e que mais tarde veio a partilhar com outra pessoa .
Aconselho todos os meus amigos e colegas a fazerem a visita .

Ana Beatriz 8º A

Eu gostei da visita virtual à casa museu de Anne Frank, pois nunca tinha visto nem visitado. Gostei particularmente do sótão onde Anne pensava e reflectia sobre o que estava acontecer.
Também gostei da parte em que fala dos bombardeamentos nazis, pois enriquece a nossa cultura Geral.
Nuno Galhofo 8º A

Eu gostei, acho que foi interessante sabermos mais sobre a vida de Anne Frank , da família e
de todos aqueles que contactaram com ela. A parte de que mais gostei foi da visita guiada por dentro da casa e saber o que cada um gostava ou fazia para passar o tempo.

Aléxia Marques 8º A

Nesta visita aprendi muito sobre a vida de Anne Frank “conheci” a família , o anexo secreto, a casa toda e vi o que eles passavam e como tiveram de viver . Aprendi que Anne Frank era uma rapariga simples e descomplicada , “conheci” as outras pessoas que também estavam com ela no anexo como eles se davam com zangas e chatices. Gostei muito desta visita virtual.
E para ser sincera depois de tudo isto, deu-me vontade de continuar o livro que alguns tempos tinha interrompido.

Leonor Galvão 8ºA

Gostei muito da casa virtual de Anne Frank, pois pudemos ver o que se passava ou sofria no anexo, apesar de ser um anexo tem bom aspecto e boa higiene, tal como uma casa. Gostei mais de ver o quarto dela porque ela lhe deu magia ao pôr aqueles posters. Apesar de ter tido medo, sustos, de ter sofrido, ela ainda conseguiu escrever um diário para nós leitores sabermos o que lhe aconteceu nos anos em que viveu no anexo.
Ana Rita Cruz 8º A

segunda-feira, 25 de abril de 2011

A URGÊNCIA DE CELEBRAR. COM SOPHIA


25 de Abril


Esta é a madrugada que eu esperava
O dia inicial inteiro e limpo
Onde emergimos da noite e do silêncio
E livres habitamos a substância do tempo.

segunda-feira, 14 de março de 2011

ANTÍGONA NA BIBLIOTECA

Antígona é um texto muito especial.
Em primeiro lugar, sem dúvida, porque foi escrito há cinco séculos antes de Cristo. Em segundo lugar porque encontramos aí algumas das questões fulcrais do ser humano de qualquer época e de qualquer lugar: reconhecemos os Antigos Gregos como mulheres e homens próximos, inseguros como nós, poderosos como às vezes nos descobrimos.
Mais do que isso, a tragédia de Sófocles foi, agora e para nós, o texto que permitiu inúmeros cruzamentos: uma proposta da Biblioteca, assumida pelos grupos de Filosofia e de História (os professores José Pacheco, Suzete Monteiro e Fátima Madaleno, por ordem de entrada), que trataram:
a) o dilema que o texto apresenta: Antígona que, para respeitar a sua crença fundamental, entra em choque com a lei dos homens;
b) o choque entre Antígona e o tirano, entre Antígona e sua irmã Ismena, enquadradas pelas chamadas de atenção do coro trágico, numa arrepiante leitura de passagens feita por diversos alunos (Carolina Pinto como a fortíssima Antígona; Madalena Martins e Sandra Fernandes como a fragilíssima Ismena; Creonte, o tirano -Sérgio Figueiredo - e o Corifeu - Tiago Botelho).
c) a questão do «feminismo» de Antígona, que nos levou numa visita muitíssimo bem documentada ao quotidiano da mulher na Antiga Grécia, bem como às mulheres excepcionais, que, de algum modo, desafiavam o Poder ou os costumes: Antígonas na filosofia, na coragem, no saber e na cultura.

Foi uma sessão maravilhosa por tudo isto. Pelo modo como se desenterrou um texto tão antigo, para se perceber que está vivo, e nos interpela, nos mostra, nos ensina. E as turmas presentes, 10º F e 11º F, será que gostaram tanto como nós?

sexta-feira, 4 de março de 2011

Uma leitura e nada mais....

Já passou mais de um mês sobre o lançamento do livro Nada Mais e Ciúme, de Gil Duarte. Prometi ao editor e ao autor lê-lo, e escrever trezentas e trinta e oito palavras, tantas quantas as páginas do romance. Empolguei-me e são mais de quinhentas. Bom sinal este.
Perseguindo uma estratégia narrativa proustiana, cujo fulcro é a evocação alimentada pela memória de um narrador fortemente comprometido com situações testemunhadas e experienciadas, manifestando uma espécie de ethos e eros irónico-trágicos, sem faca e alguidar, acerca das relações pessoais e familiares, eis um dos eixos de narratividade de Nada Mais e o Ciúme.
O triângulo de relações estabelecido pelas personagens Bernardo, Dulce, Virgílio, fechado num círculo, que é a vida do narrador, é ensombrado pela tragicidade. Um triângulo dessa natureza, em Camilo, Eça, Carlos de Oliveira, Cardoso Pires, resolvia-se a tiros de bacamarte, com uma apoplexia, um corpo a boiar numa lagoa… anulando um dos lados do triângulo. Não enveredando por aí, o narrador sabe que o tempo tudo diluirá. Gil Duarte deixa que tudo apodreça por si como se o tempo fosse uma das personagens principais que silenciosamente atravessa o texto, a escrita. Uma espécie de tudo e nada mais donde sobressai o ciúme, outra centralidade do romance, sintetizado na frase final de Pedro (o narrador), proferida numa solidão cortante: “Tenho-lhe ciúmes. Saudades, não.”
Do ponto de vista do narrador, o que sobra do tempo de convivência, de partilha e cumplicidade é, apenas, o ciúme. Com efeito, este é resultado de relações próximas e de conflitualidade entre personagens que são e deixam de ser; são quase perfeitas, bafejadas pelo êxito, presenteadas pelo trágico e insólitos inesperados. Veja-se o caso do professor de matemática que ora se empolga ora desiste perante o desafio de saber, melhor, negar o movimento, como se, para descobrirmos se o movimento existe ou não, fosse necessário enfrentar um comboio, quando apenas um Toyota, num parque de estacionamento retira a vida a Leonor. Como se o ciúme fosse demonstrável e deduzido matematicamente, materializado numa fórmula brilhante, demonstração, afinal, do matemático que era: "tudo acaba menos o ciúme: o ciúme é a única coisa que resta quando já nada mais há” (p. 121). Este cepticismo lúcido e um racionalismo académico caracterizam Bernardo! Todavia, o ciúme é uma cristalização que resiste ao tempo. Esta formulação dá o título ao romance. É o resto de adições, subtracções, divisões... Gil Duarte apenas altera a ordem dos elementos da frase, estabelecendo um quase-silogismo. Certamente que o nada mais é "o tudo" que já não se tem, que já passou, que já não se suporta, as relações quebradas, mas sempre na perspectiva de se reatarem: Bernardo – Dulce – Virgílio - o próprio Pedro; Dulce e outras experiências dulcíssimas às quais Dulce não resiste porque ela, sim, é livre, não revela memória, vive o tempo, (a)parece sempre feliz. Infeliz, não. Por isso não cultiva o ciúme. A sua memória é linear, a dos outros é circular.
Enfim, o ciúme apresenta-se como mínimo denominador comum, quando já mais nada subsiste, sentimento ambivalente que promove e corrói.
A narrativa encanta pelo modo como o ethos (os costumes, os vários caracteres, entenda-se) e o eros convivem numa lógica de cio, mãe do ciúme, em qualquer sentido da sexualidade. Por vezes inveja, pelo menos da parte do narrador, também escritor como Virgílio. Mas quem não terá ciúmes de um Virgílio?
Em síntese: o ciúme perdurará enquanto houver memória e desejo.
Findando. Desde o início, com a apresentação da brutal e insólita cena da morte de Leonor, outra ausente sempre presente, elemento pro-diegético por excelência, ou uma parte do todo que é o nada mais, até ao epílogo, somos envolvidos pela narratividade a vários tempos, vozes e ritmos que evidenciam uma técnica já apurada e consolidada.

quarta-feira, 2 de março de 2011

Cronivite

Nada melhor do que abrir a caixa do correio e ter um convite ou desafio.
Neste caso implica teclar algumas letras, palavras frases - teia infindável de sentimentos e sabores - que após um clique entram no convívio dos sentidos. Isto está muito metafísico! Nada melhor do que olhar, escutar... deixem-se de metafísicas que distrai. E numa altura destas andar distraído é perigoso por dois motivos: o primeiro, é que a distração em si é censurável, andas na Lua pá? Olha o candeeiro, o parquímetro, o fiscal do parquímetro, que é pior! O outro, é que um ser humano distraído não é deste mundo: deixa de apreciar o belo destes dias quase primaveris, quer eles quer elas. E mesmo atento, atento mesmo, mesmo, mesmo, olhai, atento que nem um penedo, uma antena, não impedes que te vão ao bolso descaradamente. Quanto mais distraído, mais subtraído!
Sinceramente! Não gosto de moralistas mas, para contrariar, deixo um conselho. Vivamos a vida, erguei taças às vossas crenças, amigos, esqueçamo-nos disto!

quarta-feira, 2 de fevereiro de 2011

NADA MAIS E O CIÚME

Do livro, direi que vale mesmo muito a pena ler (e ver, que é bem bonito!), que surpreende, pela singularidade do olhar sobre as personagens, pelas situações criadas, que prende pela construção da narrativa e, claro, pela escrita.
Direi também o que na sessão de apresentação -bem documentada em lugares diversos como ESTE e ESTE e ainda ESTE - no alvoroço do atraso, não encontrei oportunidade de dizer: que foi bom, aquele ambiente de festa e de amizade, que a escolha da Biblioteca, a cuja equipa o autor pertence e espaço de tantos encontros com a sua marca pessoalíssima, me deu enorme contentamento. Mais uma memória guardada por todos, com particular carinho!
Também queria ter dito que felicito sinceramente o Zé António, pela criatividade, pela coragem, que desejo muitos leitores ao seu livro. Que desejo outros livros ao autor.


P.S. - Ainda há alguns exemplares, na Biblioteca

terça-feira, 1 de fevereiro de 2011

SOBRE O ERRO











Foi fascinante!
Na sua primeira visita à nossa Biblioteca, (há dois anos, já?), Gonçalo M. Tavares conduziu uma conferência invulgar, como tudo o que faz..., onde a escrita, a aceitação e a contestação, o certo e o errado, a imaginação e o real, tudo foi interrogado, virado do avesso, segundo uma lógica desconcertante.

Desta vez, os felizardos participantes foram um grupo que não pôde ser muito alargado, formado por alunos de várias turmas do Secundário, e alguns professores. Foram eles participantes numa Oficina que teve como ponto de partida aquele que habitualmente não se considera o começo ideal, mas que ficou demonstrado ser exactamente uma das melhores formas de desencadear a criatividade. O erro.

Desenhem uma casa errada, pediu. Logo em seguida, saltou à vista que os erros menos aplaudidos são os mais banais. Curioso.
Inventem agora uma personagem para habitar essa casa, continuou, que seja criada por esse espaço.

Assim, etapa atrás de etapa, cada uma mais inesperada que a outra, e ao mesmo tempo tão simples, a dizer "isto esteve sempre lá... não me digam que ainda não tinham visto?...", foram crescendo as histórias.

Como quem prepara uma viagem, com metade do gozo que ela lhe vai dar a realizar, tínhamos andado divertidíssimos a pedir aos leitores de Gonçalo M. Tavares que escolhessem uma estrofe, de Uma Viagem à Índia, e nela inscrevessem a sua marca pessoal, um sublinhado, uma nota, um rabisco. Claro que todos aceitaram, e claro que todos se queixaram da dificuldade da escolha! Ampliadas, essas páginas (poucas) formaram um percurso, desde a entrada da Escola até à Biblioteca. Uma forma de agradecer ao escritor, devolvendo-lhe, lidos, alguns dos seus escritos.

Agradecemos muito, muito, a Gonçalo M. Tavares.

E à Didi, que no-lo apresentou e o trouxe até nós, literalmente. E ao Zé António, o nosso Mercúrio. E à João, pelas notas artísticas que sempre acrescenta. E a todos os participantes.

quarta-feira, 26 de janeiro de 2011

LIVROS e LEITORES


Outros dois encontros, em que as leituras pessoais estiveram também em destaque, seria imperdoável não divulgar: um ainda em Dezembro, exactamente na última semana de aulas, o outro logo a seguir ao pequeno-almoço com o senhor Descartes (ainda havia chá...).

Os alunos do 10º C, com a professora Maria João Lima, aceitaram deixar o espaço de conforto, como se diz agora, da sala de aula, e convidar outra turma, o 9º D, para assistir à apresentação de dois livros do contrato de leitura. Dois títulos de qualidade indiscutível, e muito diferentes entre si, sendo também muito diversas as abordagens realizadas. O grupo que falou sobre o romance de Marina Mayoral, Tristes Armas, trouxe vasta e variada informação, sobre a autora, claro, mas sobretudo sobre o fundo histórico em que a narrativa se constrói, a Guerra Civil de Espanha, realidade terrível, desconhecida para a maioria dos assistentes, e que aconteceu aqui tão perto e há tão pouco tempo. O segundo título, o clássico e belíssimo O Velho e o Mar, de Ernest Hemingway, prestava-se a uma leitura menos factual e mais simbólica. e foi exactamente o que fizeram ambos os alunos que a apresentaram, curiosamente feita individualmente, dando oportunidade ao confronto e complementaridade de duas perspectivas.

O segundo encontro foi o regresso da RODA DE LVROS do agora 11º B, que tanto nos tinha encantado, nas edições anteriores.

Um pouco entorpecida de início, a Roda demorou um nadinha a deslizar, mas, depois de começar, recuperou a já conhecida agilidade e leveza. Sem papéis nas mãos, a memória das páginas lidas, a visão crítica e pessoal, a conversa.

A turma está diferente, mas não está. Quer dizer, há algumas caras novas, mas parece que sempre pertenceram ao grupo, não se nota estranheza ou inibição. Se calhar, é um dos segredos para que as coisas corram tão bem!

Quanto aos livros, o primeiro foi o Estranho Caso de Dr. Jekyll e Mr. Hide, o conhecido e apaixonante clássico de Robert Louis Stevenson. Seguiu-se-lhe uma emocionada apresentação de Marina, o último romance editado em Portugal do catalão Carlos R. Zaffon, o autor de A Sombra do Vento. Já só houve tempo para o terceiro volume da tetralogia As Brumas de Avalon, de Marion Zimmer Bradley.

E resta-nos pedir para não demorar muito, a próxima RODA. Somos fãs!

quinta-feira, 20 de janeiro de 2011

O RISCO DOS PEQUENOS-ALMOÇOS


Sim senhor, sim senhor. Hoje, tivémos a segunda visita de monsieur Descartes.
Para mais duas turmas décimo-primeiro anistas, A e C, organizou a Biblioteca/CRE da escola um pequeno-almoço que, não desfazendo, correu particularmente bem.

Foram guiadores de visita os alunos, do 11º A, Diogo Cunha e Helena Cordeiro. As apresentações foram seguras e as intervenções dos mais diversos alunos eram de uma grande perspicácia, mesmo quando se fechavam numa certa teimosia. Mas não queria repetir o que já disse, em post anterior, acerca da sessão em si mesma. Portanto, conto antes que, há dias, quando, na aula, descrevia à turma o que se iria passar nesse pequeno-almoço a sério, onde, à volta da mesa, conversaríamos acerca da filosofia de René Descartes, o Diogo Cunha seguia o meu entusiasmo com um olhar céptico. Como se pensasse para os seus botões: «Hum! Tanta lantejoula para quê?»
Hoje, após a sessão, não resisti e perguntei-lhe: «Então, que tal?»; e assim falou o Diogo, parando de mastigar a tosta com compota que, visivelmente, lhe estava a saber muito bem: «Foi excelente!»; retruquei (grande palavra): «Sim, mas confesse lá. O Diogo estava muito deconfiado, não estava?»; e ele: «Porque era um risco, professor. Correu-se um risco: parecia-me uma daquelas ideias que se, na prática correm mal, dão muito mau resultado...»

Eu sei. A afirmação do Diogo não foi uma crítica, mas um elogio: reconhecer que toda a diferença implica algum risco - e, já agora, que a Biblioteca da escola é, e tem sido, desde há muitos anos, um lugar onde se correm riscos, e se sofrem frustrações, claro, mas se realizam sessões ímpares, é o maior elogio que pode ser feito. Ainda bem que o chá vos soube bem. Descartes, de onde quer que vos viu, gostou certamente do que viu.

quarta-feira, 19 de janeiro de 2011

PEQUENO-ALMOÇO COM DESCARTES

A manhã do dia 17 foi marcada por uma surpresa que esperava, na Biblioteca, alguns alunos de 11ºs anos (E, F): um pequeno-almoço.

No lugar sagrado que é uma Biblioteca estava-se perante a possibilidade de uma refeição que também só poderia ser uma refeição sagrada, uma oferenda, um ritual: chá, tostas com compota ou mel e biscoitos constituíram os alimentos de um pequeno-almoço em que o convidado central foi o filósofo René Descartes.

O pretexto era a leitura de um livro, que encontram na Biblioteca, e cujo título é Pequeno-almoço com Sócrates. O título é deliberadamente redutor, aludindo simplesmente a um conceito: «Sócrates» não é Sócrates, é todos os filósofos sobre que o livro vai falando - e, já agora, «pequeno-almoço» também não é só o pequeno-almoço, mas símbolo de todas as actividades corriqueiras e quotidianas (como ir ao ginásio, preparar uma festa, fazer compras, discutir com o parceiro...) que preenchem mecanicamente a nossa existência. Não pensamos acerca delas: e, todavia, são pensáveis, na sua significação filosófica ou nas perplexidades em que nos envolvem quando sobre elas reflectimos. Mais: o autor mostra-nos como, de algum modo, os mais simples actos humanos, nas suas implicações éticas e políticas, já foram matéria de uma meditação por parte dos filósofos, desde Sócrates até aos contemporâneos.

Dois alunos do 11º E guiaram a conversa: a Mariana Amor e o João Ramos, em torno da ideia do «acordar», suscitavam perguntas que, a cada passo, nos transportavam para Descartes. O fantasma do filósofo acompanhava o diálogo. E se não interveio directamente, os seus problemas foram invocados. E debatidos.

Proximamente, haverá um outro pequeno-almoço. Valha-nos Descartes!