Com grande probabilidade, o leitor terá já assistido, no meio de um jantar com amigos, à seguinte discussão - a certa altura, alguém se pronuncia sobre o algarismo suplementar que os bilhetes de identidade passaram a ter de há uns anos para cá, mais ou menos nos seguintes termos: «O algarismo suplementar que se segue ao número do BI indica o número de pessoas em Portugal que têm um nome exactamente igual ao do portador do BI.»
Quando confrontado com o absurdo de tal afirmação (por exemplo, o algarismo suplementar do meu BI é 9 e posso comprovar que sou a única pessoa no mundo, não apenas em Portugal, com o nome de Jorge Buescu), talvez o interlocutor diga algo do género «mas fui informado por fonte seguríssima de que é assim». Ou talvez prefira mudar de assunto. (...) Afinal de contas, o que representa o misterioso algarismo suplementar que se segue ao número do nosso BI?
Quando confrontado com o absurdo de tal afirmação (por exemplo, o algarismo suplementar do meu BI é 9 e posso comprovar que sou a única pessoa no mundo, não apenas em Portugal, com o nome de Jorge Buescu), talvez o interlocutor diga algo do género «mas fui informado por fonte seguríssima de que é assim». Ou talvez prefira mudar de assunto. (...) Afinal de contas, o que representa o misterioso algarismo suplementar que se segue ao número do nosso BI?
A pergunta com que o texto finaliza serve apenas de introdução ao mistério apresentado pelo professor Jorge Buescu, que todos os alunos do oitavo ano, em sessões distribuídas ao longo de várias semanas, foram desafiados a decifrar, acompanhados pelas professoras Inês Alegria e Teresa Jerónimo. A recebê-los, duas professoras da equipa da Biblioteca, uma de Biologia e uma de Português, a confirmar, mais uma vez, o que nunca é suficientemente repetido, pensar e aprender não são actividades que devam estar arrumadas em gavetas separadas, mas sim em espaços amplos e totalmente comunicantes.
Como seria de esperar, começámos pela leitura. O excerto, retirado do livro, Mistérios do Bilhete de Identidade e Outras Histórias , começou por assustar um pouco: "Tão grande!" foi um dos desabafos repetidos, no entanto, rapidamente se percebeu que ler em companhia, conversando sobre, esclarecendo, faz evaporar grande parte das dificuldades.
Entre outras etapas, foi necessário determinar/lembrar o conceito de algoritmo, para então aplicar aquele que serve (ou devia servir) para encontrar o dígito de controlo dos BIs dos cidadãos portugueses: cada um pegou no seu cartãozinho e tratou de fazer as contas. A pouco e pouco, os resultados foram surgindo e, tal como o texto indicava, nem sempre davam certos; curiosamente, só falhavam alguns dos casos em BIs cujo dígito de controlo é o 0 (zero).
Porquê? Os alunos do oitavo ano já sabem a resposta.
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