Sem querer quebrar a cadeia, assinalo os 170 anos do nascimento de um dos maiores poetas portugueses. Com um soneto seu, claro.
Evolução
Fui rocha em tempo, e fui no mundo antigo
Tronco ou ramo na incógnita floresta...
Onda, espumei, quebrando-me na aresta
Do granito, antiquíssimo inimigo...
Rugi, fera talvez, buscando abrigo
Na caverna que ensombra urze e giesta;
Ou, monstro primitivo, ergui a testa
No limoso paúl, glauco pascigo...
Hoje sou homem, e na sombra enorme
Vejo, a meus pés, a escada multiforme,
Que desce, em espirais, da imensidade...
Interrogo o infinito e às vezes choro...
Mas estendendo as mãos no vácuo, adoro
E aspiro unicamente à liberdade.
Antero de Quental, Sonetos
Não quebraste a cadeia, reforçaste-a, com uma justíssima evocação. A Gilda também deve ter gostado, da companhia do seu ilustre conterrâneo. Obrigada
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