Cronista, poeta, dramaturgo, crítico de cinema, Pedro Mexia esteve na escola, a convite do Clube de Cinema, para apresentar um dos seus filmes de eleição.
Descubro-o agora, vagarosamente, como poeta.
Por exemplo, neste poema do seu livro
Eliot e Outras Observações:
ALUNOS DO LICEU
Alunos do liceu que me passais pela retina
porque não vos fixais? Encostados ao vento
descem a rua, bando feliz, alguns isolados
em pequenas tristezas. Os rapazes, na sua rudeza
artificial, trazem raquetes, usam neologismos,
enquanto as raparigas, que ontem mesmo
despontaram, segredam cenários entre sorrisos.
Todos rua abaixo, mesmo a tempo
da aula das oito, e trazendo nas mochilas
insuspeitados tesouros.
Bolas, quando foi? Têm de passar a anunciar estas coisas.
ResponderEliminar(Se bem que provavelmente não posso entrar na escola sem cartão)
Claro que podes entrar na Escola sem cartão! É só dizeres que aquela é a tua escola.
ResponderEliminarNós gostaremos muito de te reencontrar.
E para já, estás convidada para o Serão Romântico que vamos realizar no Palácio dos Arciprestes, no dia 14 de Abril, às 18h.
Comemorando o centenário de Chopin, Shumann e Alexandre Herculano, teremos poesia e música.
Se puderes, não faltes!
Já agora, e porque o Camilo Pessanha não é tão lido como merecia (nenhum poeta o é...)e porque o Pedro Mexia o homenageia, com o seu poema, aqui vai:
ResponderEliminarImagens que passaes pela retina
Dos meus olhos, porque não vos fixais?
Que passais como a água cristalina
Por uma fonte para nunca mais!...
Ou para o lago escuro onde termina
Vosso curso, silente de juncais,
E o vago medo angustioso domina
- Porque ides sem mim, não me levais?
Sem vós o que são os meus olhos abertos?
- O espelho inútil, meus olhos pagãos!
Aridez de sucessivos desertos...
Fica sequer, sombra das minhas mãos,
Flexão causal de meus dedos incertos,
- Estranha sombra em movimentos vãos.
Camilo Pessanha, Clepsydra