Às vezes acontece-nos o privilégio de receber ao vivo e a cores convidados fascinantes, com a rara capacidade de abrir intervalos no meio das suas agendas sobrecarregadas, para conversar com estudantes do Secundário e revelar pedacinhos do seu muito saber e invejável experiência.
Na passada 2ª feira, visitou-nos Carlos Vaz Marques, autor do "Pessoal... e Transmissível"- programa da TSF que todos os apreciadores de uma boa entrevista conhecem e recomendam - colaborador do Jornal de Letras, da revista LER, responsável por uma colecção de títulos de literatura de viagens, e tradutor de alguns, moderador do imperdível "Governo Sombra", programa de sátira política entre cujos ministros se conta o fedorento Araújo Pereira, anfitrião do "Café com Letras", actividade regular das Bibliotecas Municipais de Oeiras, vencedor do prémio Ilídio Pinho, nada mais nada menos que o maior prémio de jornalismo atribuído em Portugal... Ufa! Tudo isto, e muito mais, num jovem que ainda no outro dia era aluno do Liceu Camões, onde teve como professora de Português a (nossa) Elisa Costa Pinto, que, evidentemente, se encarregou de apresentar orgulhosamente (babadamente, confessou ela) o jornalista às três turmas reunidas na Biblioteca para o conhecer.
Carlos Vaz Marques falou sobretudo das entrevistas de rádio. (Espantou-nos desde logo saber que é o único responsável pela sua preparação, quando se imaginaria, perante a profundidade das entrevistas e a lista de entrevistados, tão variada e extensa, uma equipa de retaguarda a fazer o exaustivo trabalho de pesquisa). Disse gostar particularmente de entrevistar pessoas que "não dizem o que se está à espera" - encontrando-se os escritores, naturalmente, entre os mais desafiantes - e também de trazer ao conhecimento do grande público pessoas que não aparecem frequentemente nos media, "aves raras", no melhor sentido da expressão.
Muitos de nós nunca tinhamos pensado na diferença entre as entrevistas "de combate"- em que, no dizer do nosso convidado, o jornalista substitui todos os que gostariam de poder estar ali, a colocar perguntas muitas vezes incómodas, a pessoas com responsabilidades governativas, por exemplo - e as outras, em que o entrevistador não pode exigir, antes tentando seduzir, entender, empatizar.
E Carlos Vaz Marques, nisso, é mestre. A nós encantou-nos!
P.S. - Graças à santa internet, podemos ouvir a qualquer hora os programas de rádio referidos. Basta ir ao sítio da TSF.
Li o seu texto como oiço as entrevistas do Carlos Vaz Marques, atentamente e deliciada.
ResponderEliminarCacilda Pereira
Subscrevo o comentário anterior. É bom voltar à escola e vale bem a pena quando a recepção e o resultado são os que estão aqui, à nossa vista, tão sentidos, tão pessoais... e afinal transmissíveis a quem por aqui passa.
ResponderEliminarDescontando a inevitável comoção resultante da circunstância de o convidado ser um ex-aluno, o encontro ficou registado como um dos momentos maiores entre as conversas que se têm tecido na Biblioteca. Do ponto de vista meramente pessoal, foi muito interessante perceber que, quando comecei a ser professora, já sabia pressentir o talento. No caso do Carlos Vaz Marques não me enganei. Grande jornalista. Grande tecedor de conversas. Brilhante.
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